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Os amores do meu irmão.



Meu irmão era mais velho que eu, e mais novo que meu outro irmão. O do meio. Engraçado, risonho, palhaço, bobão.  Tinha convinhas, e um sorriso lindo. Que eu inclusive, invejava. Nunca havia o visto com alguma namorada,  via boatos de ficantes, peguetes, rolos. Mas nada que fosse sério demais. Já o vi chorar por uma garota, á muito tempo atrás. Mesmo sendo mais nova que ele, me considerava mais madura naquela época. Como dizem, as meninas amadurecem primeiro. E eu gostava de esfregar isso na cara dele.

Á umas duas semanas, o sorriso dele estava mais bonito, mais verdadeiro, confortante. O bom humor era perceptível. Que inclusive ele largava do meu pé, me deixava madrugar no computador, porque estava ocupado demais trocando sms, ligações, e mimimi com uma guria que eu mal conhecia. Lembrava-me do filme querido John, já que durante um mês e alguns dias que a Guria estava aqui, eles só se conheceram nas duas ultimas semanas. Trágico.

Ele havia chegado em casa triste, abatido, de cabeça baixa. Olhou pra o celular, pra tv. Havia um casal apaixonado, ele sorriu sem graça. Não precisei perguntar o que havia acontecido, pra saber que ele havia acabado de deixa-la na rodoviária. Fiquei com pena dele, com dó. Pensei se ela também estava assim, e pelo sms percebi que era reciproco. Ele parecia murmurar alguma coisa. Pelos meus cálculos, deveria estar se martirizando por só tê-la conhecido nas ultimas semanas aqui.

Ele em seus 17 anos já deveria entender que aquela era a lei da vida. Com meus 14 anos, as vezes sinto que sei muito mais da vida do que ele com seus 17. Que mal entendia sobre ele mesmo.  No outro dia o vi chegar com um presente em casa, e com vários papeis de presente á escolher. Senti-me na obrigação de ajuda-lo. Escolhi um papel de presente, simples. Com detalhes amorosos. Com um laço vermelho paixão.  O vi escrevendo algo, em uma folha amarrotada. Sorri, levantei procurando minha caixa de papeis pra cartão. Escolhi um que combinasse com o cartão, e entreguei á ele.

Durante algum tempo fiquei observando ele escrever. De longe, podia vê o brilho no seu olho, seu sorriso ao escrever alguma palavra, e lembrar-se de algum momento. Lutei pra lê, e tudo o que ele me dizia, era “vai cuidar dos seus amores”. Mas eu não tenho um amor. Posso muito bem cuidar do dele.

A vida algumas vezes nos prega algumas peças. Digo, todo santo dia a vida nos prega alguma peça. A gente não escolhe com quem o coração vai acelerar mais forte, quem vai fazer tuas mãos soarem e quem vai ser o motivo do sorriso. O que resta nessa vida é torcer pra que seja reciproco. Porque não adianta quantas moedas você jogou na ponte, se você jogou os dentes no telhado, ou se deixou debaixo do travesseiro. Se todos os dedos, inclusive os dos pés estão cruzados. Não importa, o que é pra ser. Vai ser. E nada nem ninguém podem mudar isso. Nem você. 


Texto escrito por:

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6 comentários:


  1. Beeijos
    http://soudivapqs.blogspot.com.br/2013/09/dica-de-livro-minha-vida-indecisa.html

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  2. Oi Luh! Quem escreveu esse texto foi a Angélica?
    Achei muito bonito, eu queria ter um irmão mais velho que eu...
    Beijos

    http://estantedasfadas.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Sim, fui eu :) Hahaha, muito obrigada! Tem suas vantagens, e lá suas desvantagens.

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  3. adorei o texto *-* já estou seguindo,segue de volta?

    http://adoraveis-maquiagens.blogspot.com.br/

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  4. Que texto mais gostoso de ler, tocante, sensivel, real, verdadeiro, sincero, puro, fraternal.
    Adorei!
    bjs
    Ritinha

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